A fitoterapia é uma terapia com a propriedade de auxiliar na cura de males profunda e integralmente, de forma não agressiva, pois estimula as defesas naturais do organismo e reintegra o ser humano às raízes terrestres.
Fitoterápico é um medicamento obtido empregando-se exclusivamente matérias-primas ativas vegetais. É caracterizado pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutividade e constância de sua qualidade. Sua eficácia e segurança são validadas através de levantamento etnofarmacológicos de utilização, documentações tecnocientíficas em publicações ou ensaios clínicos. Não se considera medicamento fitoterápico aquele que, na sua composição, inclua substâncias ativas isoladas, de qualquer origem, nem as associações destas com extratos vegetais.
As primeiras informações escritas sobre as plantas medicinais foram encontradas em escavações na Mesopotâmia, em 1872, e datam do século 16 a.C. São os Papiros de Ébers, escrito egípcio que inclui mais de 700 prescrições com produtos naturais, principalmente as plantas, dentre elas, alho, rícino, mirra, linho, tomilho, funcho, açafrão, entre outros.
Na China, existem relatos de cura com plantas, desde 3000 a.C. Por isto, a China é considerada o berço do uso das plantas com propriedades medicinais. Na literatura, é citado que o imperador Shen Nung, considerado o Hipócrates chinês, estudou e relatou, no livro das ervas, o poder terapêutico tóxico de mais de 300 espécies de plantas.
A Índia é o país que, ao lado da China, tem uma grande tradição na utilização das plantas medicinais, que constituem a base da terapêutica da Medicina Ayurvédica. Lá, foram escritas várias obras sobre medicamentos à base de plantas, como sândalo, canela, cardamomo e sobre a preparação de elixires, tinturas, essências, sucos, extratos, etc.
Na Idade Média, sob o domínio do Império Romano, o papado adquiriu mais poder, e os cristãos primitivos, por considerarem que a Igreja, e não os médicos, é que deveria ser responsável pela saúde da mente e da alma, começaram a reprimir o uso de muitas ervas “pagãs”. Em 529 d.C. o papa Gregório, o Grande, proibiu o estudo do que não estivesse de acordo com as ambições políticas do papado. Assim, durante a Idade das Trevas (200 a 800 d.C.) o conhecimento das ervas e a utilização dos grandes herbários tornou-se ilegal e as pesquisas científicas, além da elaboração de textos escritos, foram interrompidos em toda Europa.
Entretanto, a sofisticadíssima cultura árabe da época conservou e desenvolveu o legado de cura dos gregos, combinou-o com sua medicina tradicional, sobrevivendo à tradição egípcia. Por volta de 900 d.C. todos os textos gregos sobre ervas e botânica sobreviventes tinham sido traduzidos para o árabe nos centros culturais do Cairo, de Damasco e de Bagdá. Quando os exércitos árabes invadiram o Norte da África e da Espanha, levavam consigo seu conhecimento de plantas medicinais e de medicina. Na Espanha, particularmente em Córdoba, foram fundadas escolas médicas, que mantiveram vivas as tradições médicas gregas e árabes durante o período medieval, disseminando os ensinamentos pelo continente europeu. Na verdade mais recentemente, até o século XVIII, o livro-texto padrão em uso nas escolas médicas na Europa – Avicena Canon Medicinae, ou O Cânon da Medicina – era uma fusão dos sistemas antigos gregos, árabe e indiano de medicina e de cura por meio das ervas.
O conhecimento preservado pelas escolas árabes continua presente até hoje na prática da cura. Pode-se observar a influência da teoria dos humores, por exemplo, em várias filosofias modernas. O filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925) obteve muitas de suas ideias sobre medicina antroposófica das tradições de cura greco-árabes. Ele introduziu a concepção da existência de quatro temperamentos, relacionados com a dominância de um ou outro dos quatro níveis do ser: colérico com ego; sanguíneo com o corpo astral; fleumático com o corpo etérico e melancólico com o corpo físico. Os tipos de personalidade descritos pelo psicólogo Hans Eysenck (1916-1997) – basicamente o extrovertido e o introvertido – também divididos em quatro diferentes tipos, que se assemelham com os influenciados pelos humores. De acordo com a teoria de Eysenck, os tipos introvertidos, coléricos e sanguíneos. Os modernos herbalistas profissionais podem recorrer aos quatro temperamentos ou à analise de um tipo de personalidade quando avaliam um paciente e optam por uma conduta terapêutica.
Hoje há uma reavaliação dos remédios feitos a partir de ervas, enfrentando o escrutínio do mundo científico moderno, onde os herbalistas precisam colher dados e provas da eficácia e segurança de ervas terapêuticas, tendo como ferramentas a bioquímica e da farmacologia. Comprovando que os princípios ativos das ervas, por intermédio da fotossíntese, as plantas produzem carboidratos e despredem oxigênio. Nesse processo, criam caminhos metabólicos que fornecem os elementos essenciais para a criação de uma ampla série de compostos. Nas plantas medicinais, estes incluem minerais, vitaminas e oligoelementos, além de uma grande variedade de substancias que, como se sabe, têm ações terapêuticas específicas no organismo. Entre essas substâncias, as mais bem conhecidas como fenóis, cumarina, antraquinonas, taninos, flavonoides, terpenos, monoterpenos, sesquiterpenos, triterpenos, saponinas, glicosídeos, óleos voláteis, fitoestróis, polissacarídeos, mucilagem, alcaloides, entre outros.
Ações medicinais das ervas são muitas entre elas analgésicas, antimicrobianas, diuréticas, hepáticas, sedativas, e muitas outras mais.